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construção de baixo custo eficiente
01/11/18 Sustentabilidade na construção civil

As perspectivas para o mercado da construção para este ano são de empate em relação a 2017, não se afastando o risco de que o PIB do setor recue pelo quinto ano consecutivo.

Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reúne 20 empresas de grande porte, no primeiro semestre foram vendidas 41.202 unidades, mais 28,5% em relação a igual período do ano passado. Mas, em junho, as vendas de imóveis novos avançaram apenas 3,3% em relação a junho de 2017, lideradas por imóveis enquadrados no Programa Minha Casa, Minha Vida, que registrou elevação de vendas de 25%.

E é justamente o nicho de moradia de baixo custo o alvo que alguns países que querem suprir a demanda por habitação. A organização sem fins lucrativos WRI Brasil – focada em pesquisa e aplicação de metodologias, estratégias e ferramentas voltadas às áreas de cidades, florestas e clima – publicou um conteúdo explorando o assunto.

Nele, os autores Henrique Evers, Catalina Demidchuk e Eric Mackres contam que cerca de 3 bilhões de pessoas, isto é, 40% da população mundial, necessitarão de casas até 2030. Uma conta rápida apresenta o seguinte resultado: será preciso construir 21 milhões de novas residências por ano em todo o mundo.

 

Construção de moradia de baixo custo eficiente: Conexão, entretenimento, saúde e educação 

A Índia programa construir 20 milhões de habitações de baixo custo até 2022. Já a Nigéria tem como meta 1 milhão de casas construídas por ano para a próxima década. E o governo da Indonésia iniciou o programa Um Milhão de Casas para atender cidadãos de baixa renda.

No entanto, a WRI Brasil destaca a preocupação com as escolhas de onde e como essas casas de baixo custo serão construídas e mantidas. Sim, a localização pode causar enorme impacto na qualidade de vida das pessoas. Uma comunidade conectada, com transporte público, calçadas e ciclovias, estimula a convivência e a solidariedade, além de favorecer o acesso a empregos, educação, entretenimento e saúde. E isso faz um bem enorme à autoestima dos moradores.

Isso é tão importante que, inspirado por essas evidências também por um projeto piloto coordenado pelo WRI Brasil, o governo brasileiro promulgou uma nova lei em 2017, atualizando os padrões do Minha Casa, Minha Vida, desencorajando a construção de empreendimentos isolados dos centros urbanos.

 

Soluções simples e inteligentes para otimizar os recursos naturais

Outro ponto importante refere-se à construção em si, que deve priorizar o uso dos recursos consumidos localmente, especialmente energia e água. Exemplo: deve-se aprimorar o design e a orientação das janelas a fim de otimizar a iluminação e a ventilação natural. O resultado será a redução da conta de energia, já que menos lâmpadas serão acesas, e o conforto térmico.

Em relação a água, o texto destaca o uso de hortas no telhado – elas podem coletar água, reduzir o escoamento, melhorar a biodiversidade e promover a equidade, além de minimizar o efeito de ilha de calor urbana, fenômeno que torna as cidades mais quentes que as áreas vizinhas e causa crescente de morte e doença entre populações vulneráveis.

 

Baixo custo e eficiência devem e precisam andar de mãos dadas

É fato: cada nova unidade habitacional feita sem eficiência na localização e na construção é uma oportunidade perdida. No Brasil, embora o programa Minha Casa, Minha Vida esteja considerando a eficiência da localização, a eficiência da construção continua sendo um ponto vulnerável. Mesmo diante de um futuro incerto – por causa do corte orçamentário – a iniciativa planeja levantar 600 mil novas casas nos próximos dois anos, tendo a chance de introduzir medidas de eficiência energética.

A WRI Brasil já provou que baixo custo e eficiência devem e precisam andar de mãos dadas. Afinal, ao longo de sua vida útil, residências eficientes são mais acessíveis, saudáveis e oferecem melhores oportunidades para os moradores do que as convencionais. “Um programa habitacional que não prioriza a eficiência não fica apenas aquém da sua missão e desperdiça dinheiro – é um equívoco”, finaliza os autores.